Sunday, January 29, 2006

boquinha

publicitários e jornalistas tem fama de serem bons gourmets e descolados quando o assunto é a mesa.

cá pra nós, já foi o tempo. os salários eram outros, as filmagens eram outras. o casting e o cattering huummm! eram outros. e o savoir de vivre, também. hoje são poucas as carteiras que podem sentar-se à mesa, servindo de almofadas, por exemplo. — de tão magras, algumas não servem nem pra guardanapo.

mas não sejamos estraga prazeres. dos pés sujos às mesas dos restaurantes mais sofisticados - ou pretenciosos - movidos pelo acaso e a necessidade, já vimos de quase tudo, provamos idem. mas nem sempre foi assim. em mônaco, por exemplo, ainda gourmand de primeira viagem, eu só comi bolacha com banana. e pastei com cara de bananão. tudo porque saí de casa guiado pelos exageros sobre os preços exagerados por aqueles que sempre aumentam tudo na base do ouviram falar, sem nunca lá sequer os pés por, quanto mais as mãos nos talheres de ouro, por exemplo, para se comer as massas de bocuse. ainda há quem acredite que na cote d´azur, outro exemplo, uma coca-cola custe mais do que o nosso melhor espumante. borbulha só, acredite. o que custa mesmo caro, é aprender que, quase sempre, o mais caro não é o melhor para o prazer de comer, e às vezes, até de ostentar.

pfs daqui, sanduíches dalí, jantares comemorativos de conquista de contas, premiação fantasma ou de propostas de trabalho, no tempo em que isto acontecia, e até mesmo de demissão - um dos meus melhores jantares - e vai se adquirindo o traquejo de fugir das receitas pra turistas e cair de bôca onde realmente vale a pena. logo logo você descobre também que há lugares para ser visto e outros para se comer bem. e sem pagar micos por isto, já que a combinação dos primeiros com os últimos nem sempre é mais indicada para o estômago.

nesta entrada, o que vou lhe servir é a intenção de disponibilizar receitas, dicas de lugares e alguns truques e segredos que andamos a testar em nossa cozinha experimental agora - se o blog não for atualizado dentro de um mês, é porque fui vítima de mim mesmo - em sua maior parte criadas com base na memória afetiva-gustativa.

o critério é simples como convém: tudo aquilo que nossa barriga lembrou sem sentir dor, nós serviremos a você, dando preferência à cozinha criativa e ao tempero do erotismo nas receitas afrodisíacas(se quiser, pode juntar-se a nosssa mesa, fazendo das suas. só não vale arrotar conhecimentos em demasia).

nunca é demais lembrar que cozinhar é exatamente como sexo, em todos os sentidos. por obrigação não se desperta, nem se apura o paladar. ainda mais tendo que fazer isso todos os dias. isso nem fudendo chef.

por isso o food se quiser não vai desprezar o fast. mas vai compor sua ementa de receitas e lugares hot ou funnies, de forma cool e slow, sem o cozimento dos miolos de ninguém, tampouco de fogo alto ou na pressão do tempo.

bon apetit!
mas aviso-lhe já: mesmo que seja num boteco, se palitar os dentes com a mão a frente da boca vai levar com o tamborete na queixada.
(o food se quiser é atualizado quinzenalmente ou quando bate a fome)