Saturday, March 10, 2012
comida não é livro
no caderno comida da folha, em grande matéria sobre entrega em domicílio a explicação do título – “nem só de pizza e comida chinesa vive o delivery; mesmo sem entrega própria, restaurantes bem avaliados adotam serviço terceirizado”. não existe essa possibilidade. restaurante “bem avaliado” não poderia e nem deveria, em hipótese alguma, considerar a possibilidade do delivery. restaurante verdadeiramente bem avaliado tem total consciência do que seus frequentadores compram. um conjunto de serviços que desemboca no prato, mas, antes, passa pela aparência externa, pelos serviços de manobristas, pela recepção, pela decoração, pelo maître, pelos garçons, pelas mesas e cadeiras, por toalhas e guardanapos, copos, pratos e talheres, pela carta de vinhos, pelo couvert, pelo cardápio, pelo café e delicadezas, pelas palavras, pelos sorrisos, pelos gestos, pela sensação extraordinária traduzida na vontade que o jantar não acabe nunca. tudo isso não dá para empacotar e entregar em domicílio. pizza, comida chinesa, e outras quebrações de galho, tudo bem, mas é triste e constrangedor antiquarius, freddy, don curro, dentre outros, terceirizarem para outras empresas ainda que especializadas, a apresentação, a entrega, eo gosto de seus pratos consagrados, por melhor que seja o alumínio das embalagens, o papelão das caixas, o sorriso do motoboy. confiram agora a descrição da reportagem sobre o antiquarius delivery: “fácil ao telefone, mantem o cadastro. dá também para encomendar pela internet. em média 55 minutos. do tipo “tupperware”. itens vêm na mesma embalagem, precisa esquentar em casa…” um horror!
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